terça-feira, 18 de setembro de 2012

A dor


Artigo VI 
Nenhum prematuro será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Sua dor deverá ser sempre considerada, prevenida e tratada através dos processos disponibilizados pela ciência atual. Nenhum novo procedimento doloroso poderá ser iniciado até que o bebê se reorganize e se restabeleça da intervenção anterior. Negar-lhe esse direito é crime de tortura contra a vida humana.


Por que é que você chega sempre assim, estabanada,
Desinibida, desarrumada,
Causando tanta desorganização?
Por que é que é sempre tão sem paciência,
Por que se comporta com tanta displicência,
Por que é que age com tanta desatenção?
Por que é que é sempre assim tão turbulenta,
Por que é que chega sempre com tormenta,
Como o Katrina?
Por conta de que tanta adrenalina?

E se eu cuidasse de você, dor,
Com o mesmo cuidado de quem cuida de um amor?
E se tratasse você com mais respeito?
E se eu me preparasse
Pra toda vez que você chegasse
Encontrasse tudo pronto, do seu jeito?
E se eu arrumasse tudo com carinho,
Tudo do seu jeitinho?
Você ficaria contente?
Você se comportaria de um modo diferente?

Então, minha amiga dor, combinamos assim:
Eu cuido de você, você cuida de mim,
E a gente não se descuida nem se maltrata...
Eu me preparo pra sua chegada,
Você se aproxima bem mais arrumada,
E a gente não se machuca nem se mata...
Quem sabe um dia a gente não se entende,
Você me compreende?
Será que ta bom assim dessa maneira?
Nós temos um acordo, companheira?

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