A mãe prematura é, invariavelmente a mulher que torna-se mãe antes do tempo. Esta antecipação, motivada por desvios da saúde da mãe ou do bebe, gera, também invariavelmente riscos para a mãe e para o filho prematuro que nasce. Tornar-se mãe prematuramente quase sempre traduz momentos dramáticos para a mãe e para o filho. Essa maternidade prematura está intimamente ligada a tratamentos em Unidades de Terapia Intensiva e riscos de vida iminente. É necessário, não bastasse o risco, ter vaga disponível para ambos. Encontrando a vaga, ainda assim é urgentemente preciso ter disponível o tratamento indicado.
A mãe prematura é muitas vezes uma adolescente sozinha e sem experiências. A carga de dor e sofrimento que a sua prematuridade e a de seu filho lhe submetem são como uma intensidade de vida imensamente maior do que a suportada pelas pessoas comuns. É isso. A mãe prematura não é uma pessoa comum. É um ícone de superação que a torna um ser especial, não bastasse a maternidade já lhe conferir esse destaque entre as humanas.
Recuperar-se e acompanhar a recuperação de seu pequeno filho que nada se assemelha ao que ela imaginou ver nascer um dia durante toda a gestação interrompida, é sua grande batalha. Vencer culpas e isolamentos familiares. Vencer a falta de instrução e os mitos sociais (será que um bebe desse tamanho vinga?), vencer as dificuldades de recursos clínicos e a impessoalidade e frieza habituais que as instituições de saúde dispensam a seus usuários. Vencer a distancia da casa ao Hospital. Vencer as dificuldades financeiras para estar com seu filho. Vencer a quebra do vinculo. Vencer o que seria invencível se ela não guardasse no seu coração a força quase maior que a força de uma mãe: a força de uma mãe prematura.
Dizia Caetano que em seus podres poderes, os homens avançam os sinais vermelhos e perdem os verdes. Como boçais. Assim procedem as instituições de saúde de nossa cidade, buscando verbas e recursos para equipamentos enquanto desprezam o vinculo materno infantil proporcionado pelo Método Mãe Canguru que permite às mães estarem com seus filhos oferecendo-lhes amor, calor e leite materno. Nenhuma instituição de saude de nossa cidade o aplica, conquanto existam aqui dezenas de leitos de terapia intensiva neonatal.
Sobreviventes dessa boçalidade, as mães prematuras percebem-se felizes a cada gramo de peso conquistada por seu filho. Cada gesto novo. Cada dia a mais livre do oxigênio é comemorado como grande vitória, digna de um grande premio. Não há detalhes para a mãe prematura e para seu filho. Tudo é milagrosamente grande e impressionante. Cada pequena conquista e cada minima queda são comparadas a um Everest ou a um grande abismo. E é necessariamente dolorosa e real sua relação diária com a morte iminente, com a piora constante, com a perda...
Se só mesmo as mães são felizes, como afirma Cazuza, maior felicidade pertence às mães prematuras e a seu exemplo de vida.
Haverá um dia no mundo alguma tarefa mais nobre que a de cuidar, alimentar e fazer crescer com segurança e alegria a vida de um bebe prematuro. Mas isso é matéria dos Anjos e segredo de Deus que não pertence à vida homens nem a seus dias.
À mãe prematura, nossa veneração e nosso carinho nessa data tão dela.
Escrito para o Dia das Mães/2011
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